outubro 15, 2025

Ensino e Aprendizagem Contemporânea: Desafios e Perspectivas

Por Indicador

O ensino híbrido, nesse contexto, surge como um modelo que combina metodologias presenciais e virtuais, favorecendo a personalização e a flexibilidade do processo educacional. Essa abordagem, ao mesclar diferentes tempos, espaços e estratégias, exige do professor o papel de mediador, estimulando a autonomia discente e promovendo experiências de aprendizagem significativas. A efetividade do ensino híbrido, contudo, depende da articulação entre conhecimentos pedagógicos, tecnológicos e de conteúdo, conforme preconiza a base TPACK, sendo fundamental o planejamento intencional e a participação de equipes multidisciplinares para potencializar resultados (Candido Junior, 2019). O uso pedagógico de tecnologias digitais amplia o potencial dessas metodologias, permitindo maior personalização e engajamento. Andrade e Cardoso (2025) evidenciam que a inteligência artificial, as plataformas adaptativas e a realidade aumentada oferecem oportunidades de adaptar o ensino ao ritmo e às necessidades de cada aluno, favorecendo a inclusão e a eficiência pedagógica.

É crucial, portanto, discutir a formação de cidadãos críticos capazes de discernir, questionar e atuar de maneira ética em suas comunidades. Essa formação deve ir além da mera transmissão de conteúdos técnicos ou acadêmicos; ela precisa fomentar habilidades como análise crítica, empatia e responsabilidade social. As instituições educacionais têm um papel central nesse processo, devendo incluir a cidadania digital em seus currículos para capacitar os alunos a compreenderem o impacto de suas ações no ambiente virtual e utilizarem as tecnologias de forma consciente e ética.

Ensino Contemporâneo e Humanizado

De Macedo Carvalho (2025) observa que vídeos, simulações em 3D e infográficos aumentam o engajamento e facilitam a assimilação de conceitos difíceis, especialmente quando combinados com metodologias ativas. O autor destaca ainda que a integração dessas ferramentas deve respeitar a diversidade dos estilos de aprendizagem, explorando aspectos visuais, auditivos e cinestésicos para maximizar o potencial educacional. Conforme Goleman (1995), o desenvolvimento socioemocional é essencial para preparar os alunos para lidar com as complexidades do mundo contemporâneo, promovendo habilidades como resiliência, empatia e inteligência emocional. As iniciativas nesse campo visam formar uma geração que não apenas seja academicamente competente, mas também socialmente consciente e capaz de forjar relacionamentos significativos em diversos contextos.

A ética digital emerge como um componente decisivo na contemporaneidade, especialmente em um mundo onde a tecnologia permeia todos os aspectos da vida humana. Ela abarca não apenas a responsabilidade individual e coletiva no uso das ferramentas digitais, mas também abrange a necessidade de uma reflexão crítica sobre as implicações éticas inerentes à interação com o ambiente virtual. Segundo Bauman (2010), “a tecnologia fez com que as pessoas deixassem de ter consciência dos efeitos de suas ações, que agora podem tomar um rumo globalizado”. A implementação de princípios éticos na esfera digital deve considerar a privacidade, a segurança da informação, a propriedade intelectual e a veracidade da informação circulante, temas que estão intrinsecamente ligados à formação de cidadãos críticos. De acordo com Freire, as concepções metodológicas visam o diálogo, a autonomia e o apreço aos saberes dos educandos; entre outros conhecimentos condizentes à educação libertadora. Logo, o autor propõe que o ato pedagógico seja ancorado no diálogo e, especialmente, no tripé educador-educando-objeto do conhecimento.

O professor desempenha um papel crucial na humanização do ensino, pois é ele quem estabelece as dinâmicas de sala de aula e interage diretamente com os alunos. Um educador humanizado é aquele que demonstra empatia, escuta ativa e interesse genuíno pelo bem-estar de seus alunos. Essa postura não apenas facilita a aprendizagem, mas também ajuda a desenvolver a autoestima e a autoconfiança dos estudantes.

o direito educacional e a didática para a efetividade do ensino-aprendizagem

Nesse sentido, a prática docente no ensino superior precisa se alinhar às diretrizes da formação inicial e continuada, que devem se adequar às transformações tecnológicas e às necessidades contemporâneas. As metodologias ativas têm ganhado espaço no contexto educacional contemporâneo por promoverem o protagonismo do aluno no processo de aprendizagem. Estratégias como sala de aula invertida, aprendizagem baseada em projetos e gamificação incentivam a participação ativa, o pensamento crítico e a colaboração. Lovato, Michelotti e Loreto (2018) destacam que, nessas metodologias, o professor atua como mediador, estimulando o desenvolvimento de competências como iniciativa, criatividade e trabalho em equipe, enquanto o aluno deixa de ser um receptor passivo e passa a construir conhecimento de forma significativa. Já Barbosa e Moura (2013) reforçam que, especialmente na educação profissional e tecnológica, a aprendizagem baseada em problemas e projetos favorece a contextualização dos conteúdos e prepara os estudantes para lidar com situações reais do mundo do trabalho. A relevância do tema reside na necessidade de repensar o papel do docente e as estratégias de ensino à luz das novas possibilidades oferecidas pelas tecnologias digitais, pela inteligência artificial e por recursos multimídia.

O que é ensino humanizado, e por que sua IE precisa se posicionar assim?

Além disso, a utilização de wikis e fóruns online permite que estudantes colaborem em projetos, melhorando suas habilidades de trabalho em equipe e capacidade crítica. No contexto da Educação no Século XXI, a integração das ferramentas digitais não deve ser vista apenas como um recurso auxiliar, mas sim como uma componente central que enriquece o processo de aprendizagem. Valente (2018) afirma que “as tecnologias digitais em sala de aula promovem um ambiente mais colaborativo e interativo, incentivando os alunos a compartilhar ideias e trabalhar juntos em projetos”. A abordagem contemporânea para abrandar a desigualdade de acesso deve integrar soluções interdisciplinares e inclusivas, incluindo desde a promoção da formação de professores até a implementação de políticas que garantam a infraestrutura tecnológica em contextos desfavorecidos.

Essas ferramentas, quando integradas a uma pedagogia crítica que valoriza o ser humano e sua interação com o meio, têm o potencial de enriquecer as práticas pedagógicas e promover um ensino mais inclusivo e interativo. Valente (2018) destaca que “os AVAs tornam o aprendizado mais interativo e colaborativo, permitindo aos alunos compartilhar informações e trabalhar juntos em projetos”. Já Tolomei (2017) argumenta que “a gamificação permite que o estudante se divirta enquanto aprende, tornando o processo mais engajador e motivador para estudantes e professores”. Entretanto, para que essas inovações tecnológicas cumpram seu potencial plenamente, é imprescindível que sejam acompanhadas por uma reflexão crítica sobre sua eficácia e seus impactos sociais.

Esta forma de interação permite, portanto, a participação dos alunos na construção do conhecimento e, ainda, auxilia os educadores no processo de planejamento das disciplinas e cursos a distância. Ao afirmar que o diálogo “é o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir dos seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado” Freire (2014, p. 109) descreve a finalidade primordial do conceito em relação ao processo educacional. Este propósito também é identificado nas estratégias didáticas na Educação a Distância, uma vez que o diálogo é de suma importância nos ambientes virtuais de aprendizagem que possuem como particularidade a separação física entre professor-aluno. A gestão escolar, a formação docente, o uso de tecnologias e a valorização da diversidade cultural são fatores determinantes para que a aprendizagem seja significativa e para que a escola cumpra seu papel social. Alguns exemplos de humanização no ensino incluem a utilização de projetos interdisciplinares que conectam diferentes áreas do conhecimento com a realidade dos alunos, a criação de espaços de diálogo e escuta nas escolas, e a implementação de programas de mentoria onde alunos mais velhos ajudam os mais novos. Essas iniciativas não apenas enriquecem o aprendizado, mas também fortalecem os laços comunitários e a solidariedade entre os estudantes.

Portanto, cabe ao professor ajudar a formar cidadãos comprometidos com a sociedade e com o meio ambiente, promovendo uma visão de que o conhecimento está em constante transformação. O artigo nos leva a refletir sobre como o processo de formação pedagógica, que prepara o professor para transmitir o conhecimento, tem o potencial de mobilizar mudanças no ensino superior. A prática docente não é apenas sobre transmitir informações, mas também sobre construir cidadãos conscientes e capazes de impactar a sociedade.

O papel da gestão na consolidação de um ensino mais humano

Já para a professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Adriana Varani, Doutora em Educação, a escola se torna humana quando ela passa a ser capaz de escutar os seus alunos. Posteriormente, com a reforma carolíngia, ocorreu a influência da cultura e da religião islâmica sobre os valores da Europa. Houve recuperação dos textos aristotélicos – neoaristotelismo –, uma vez que os árabes conservaram esse conhecimento e o repassaram aos povos europeus, passando a vigorar a Escolástica de São Tomás de Aquino.

Outro aspecto relevante é a valorização das competências socioemocionais, além dos conteúdos cognitivos. O desenvolvimento de habilidades como empatia, resiliência e pensamento crítico é considerado fundamental para a formação integral do sujeito (Zabala; Arnau, 2010). Muitos apresentam atitudes inadequadas devido às necessidades não atendidas pela família e pela sociedade. O desenvolvimento socioemocional do professor é crucial para atender a demanda de alunos que vivem diferentes cotidianos, se desafiando constantemente com suas questões emocionais, dificuldades e inseguranças. Assim sendo, a dinâmica educacional baseada na pedagogia colaborativa e dialógica integrada ao uso das Tecnologias da Informação e Comunicação e às ferramentas dos ambientes virtuais potencializa a docência e aprendizagem nos cursos a distância e conflui para múltiplas oportunidades de ensino/aprendizagem.

Por fim, no exercício da docência online, professores e tutores estão constantemente em busca de novas estratégias que simplifiquem a apropriação dos conhecimentos, os quais serão transmitidos aos alunos. Entretanto, para que ocorra a significação imediata, é necessária a associação do conteúdo com a realidade da vivência real dos discentes virtuais. Estas reinvenção e transformação constantes do saber também devem ser implementadas no processo de aprendizagem dos educandos, uma vez que eles, conforme Freire (2013, p. 28), “vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo”. Para reconhecida pelo mec isso, o educador deve refletir, criticamente, se seu discurso está de acordo com o que a autonomia propõe; estar atento ao que acontece com seus alunos; não desrespeitar os saberes e a cultura dos educandos e, enfim, encontrar-se como autônomo para formar a autonomia dos alunos.