dezembro 13, 2024

Educação sexual, previne doenças sexualmente Transmissíveis

Por Indicador

Já a exploração sexual é invisível porque a sociedade brasileira tem dificuldade de entender que quando uma menina de 14 anos é explorada sexualmente, é crime. Quando não são crianças muito pequenas, existe uma culpabilização dessas vítimas. Mas quando olhamos os dados de que a violência sexual contra crianças e adolescentes é predominantemente intrafamiliar, vemos que a escola tem que falar sobre prevenção. É sobre ter amor próprio, conhecer seu próprio corpo e seu próprio momento, e sobre não precisar fazer sexo por pressão de “colegas”.

Educação Sexual: definição e visões ao redor do assunto

É importante ter em conta, em um primeiro momento, que o termo “educação sexual” tem sido, muitas vezes, equivocadamente interpretado. Há pessoas que costumam associar à terminologia, rapidamente, imagens de professores ensinando alunos do ensino fundamental a colocar camisinhas em órgãos sexuais ou, por exemplo, aulas sobre “como fazer sexo”. Embora (e infelizmente) exemplos como esses tenham realmente ocorrido, não é disso que se trata a verdadeira educação sexual. Além de abordar aspectos comportamentais e de saúde, a educação sexual também ajuda crianças a identificarem casos de abusos dentro ou fora de casa.

“Você pode usar uma literatura, e explicar para ela que os adultos têm esse carinho, que é um carinho de adultos e eles ficam bem juntinhos, mas o enfoque disso não é a biologia, não é o encontro dos corpos e nem o encontro de um óvulo com espermatozoide, o foco de tudo isso é a afetividade. Então, o grande segredo para os pais, sempre que eles precisam dar uma resposta, é focar muito na afetividade, caprichar nessas características do afeto, do amor e trazer essa resposta, uma resposta correta, coerente e nunca mentir. Com quatro anos eles já podem perguntar como foram parar na barriga”, conta Nathalie. Ela lembra inclusive que no ano passado o tema de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”.

Isso porque é nessa idade em que começam a surgir mais curiosidades das crianças sobre seus próprios corpos. Para Nathalie, a educação sexual é importante para dar nome às coisas e comportamentos inapropriados e, dessa forma, ajudar as crianças a saberem como se defender. Na verdade, um esboço do que é o ensino atual da sexualidade começou no Brasil na década de 1980, com foco no aumento dos índices de gravidez indesejada entre adolescentes e de contaminação pelo HIV. “É preciso ensinar às crianças a não permitir maior intimidade com determinadas pessoas. Precisamos dar ‘poder’ para a criança dizer não e fugir da situação”, afirma ela. “Normalmente, abusadores vão conquistando as crianças, eles são muito sedutores. A criança pode permitir um abuso por receio, medo ou por engano. O adulto sempre passa a impressão de que sabe mais do que ela”.

No caso de violência sexual ou suspeita de abusos contra crianças e adolescentes, o Conselho Tutelar do município também deve ser acionado para atendimento e proteção de meninos e meninas. Grande parte das crianças, jovens e adolescentes é violada por parentes e pessoas próximas da família. O caso mais recente noticiado foi o da menina de 10 anos que sofria violência sexual desde os seus 6 anos de idade.

“A escola é um lugar de segurança para prevenir e identificar as violências. Além disso, é na escola que as crianças aprendem a viver em sociedade, a respeitar o outro, a consentir ou não, a colocar limites nas outras pessoas, por isso é tão importante que a educação sexual formal aconteça nas escolas”, diz Nathalie. “Por meio dos livros você fala dos personagens e não de uma criança específica. A literatura não constrange, existe leveza para tratar de um assunto que às vezes é pesado. Iniciando pelas literaturas, as pessoas vão ganhar confiança e depois podem alcançar profundidade no assunto.

É uma oportunidade de aprendizado riquíssima, que muitas vezes se perde por falta de preparo, o que leva apenas para ações punitivas imediatas sem promover uma mudança de comportamento. Não consta na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) um currículo para a aplicação da educação sexual nas escolas. A BNCC, desenvolvida pelo Ministério da Educação (MEC), tem o objetivo de direcionar os currículos das redes de ensino no Brasil, estabelecendo a base de temas que devem ser tratados na educação. No Brasil, os impactos da internet nas descobertas da vida sexual dos jovens já é um dado concreto. Os meios de comunicação Xvideos acabam estimulando e indagando curiosidades precoces em jovens e crianças.

Isso depende apenas da forma com que ela prefere se apresentar ao mundo. Uma pessoa pode se identificar com o gênero oposto, ou se entender como não pertencente às configurações tradicionais de masculino e feminino, vendo-se como uma pessoa não binária. Quem se identifica com o mesmo gênero com o que nasceu é denominado cisgênero.

“Muitas famílias acreditam que a educação sexual vai motivar o interesse das crianças sobre sexo, porém as pesquisas apontam que a realidade é totalmente contrária. Quando crianças e adolescentes têm acesso a conteúdos adequados, é possível minimizar a curiosidade e elas iniciam a vida sexual mais tarde. Para que a educação sexual seja uma realidade nas escolas é necessário primeiro cuidar da formação docente e, na sequência, trazer os pais para perto”, completa a pedagoga. “Você já notou como as mulheres que têm a necessidade de pedir um absorvente higiênico às outras fazem isso de forma totalmente escondida, como se estivessem cometendo um crime? É por situações assim que reafirmo a necessidade da educação sexual desde a infância, para que possamos tratar com naturalidade aquilo que é natural.

O que a educação sexual pode prevenir?

Unesco: educação sexual nas escolas pode prevenir violência contra as mulheres

Elas indicam a abordagem de questões emocionais e sociais da sexualidade, ressaltando que as aulas devem servir para desenvolver o saber em busca de escolhas mais saudáveis e responsáveis sobre relacionamentos, sexo e reprodução. Engana-se quem acredita que toda conversa sobre educação sexual tem um viés erótico. Muito pelo contrário, esse tipo de assunto ajuda a manter os jovens mais informados e estimula uma relação de confiança dentro do lar. Por este motivo, a ONU considera positivo a implementação de projetos de educação sexual no currículo escolar.

Política de privacidade

A adolescência é uma fase de crescimento cheia de mudanças e descobertas, que aflora o lado “sexual”. Algumas pessoas acreditam que “sexualidade” é o que se refere às relações sexuais ou aos órgãos genitais. No entanto, é um conceito muito mais amplo, é um processo dinâmico e complexo que se inicia ao nascer, se manifesta de diferentes formas ao longo da vida e envolve também sentimentos, emoções e o processo de formação da própria identidade.

Então, muitos jovens que não tem uma educação sexual firme, de base sólida, iniciam sua vida sexual muito mais cedo do que aqueles que têm conhecimento e entendem a necessidade diante de uma vida sexual saudável e responsável. Muitas vezes, a pessoa que é abusada desde a infância, não sabe que está sendo violada. Isso ocorre porque a criança não tem conhecimento sobre seu corpo, o que o torna ainda mais vulnerável a esse tipo de abuso. O eventual vínculo com o educador sexual, dá para as crianças abertura para que elas possam falar sobre abuso e fazer com que a denúncia seja feita.